sexta-feira, novembro 26, 2010

Inverno 'precoce' adianta neve na França

O frio chegou à França com três semanas de antecedência. Ainda durante o outono, já neva no país, numa espécie de inverno "precoce". A onda de frio fez com que a meteorologia colocasse em alerta laranja oito departamentos do sudoeste francês — Charente, Vienne, Dordogne, Corrèze, Creuse, Haute-Vienne, Aveyron e Lot. 

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quinta-feira, novembro 25, 2010

Setlist: Músicas francesas para dançar

O fim de semana se aproxima e muita gente só pensa em sair para dançar. As pistas (assim como as rádios pop) estão dominadas pelas músicas em inglês, ignorando a forte produção de hits para dançar nos países europeus — França incluída. Abaixo, uma seleção de músicas em francês que dão vontade de fazer rodar o globo de espelhos e se jogar na pista.

Jena Lee - US Boy


Lorie - Je vais vite


Leslie - Never Never


Shy'm - Je Sais


Jena Lee - Du Style


Stromae - Alors On Danse


Helmut Fritz - Miss France


Discobitch - C'est Beau La Bourgeoisie


M Pokora - Juste une photo de toi (Mercer remix)


Yelle - A Cause Des Garçons


Edith Piaf - La Foule (Pink Martini Remix)


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sábado, novembro 13, 2010

Natal 2010: Vitrines de Paris em vídeo

Já é Natal em Paris, pelo menos nas vitrines das grandes magazines da cidade. A Printemps convocou o estilista da Lanvin, Alber Elbaz, para criar um baile dos bonecos miss e mister Lanvin, o Noël au Château. As Galeries Lafayette apostaram no tema Show Chaud Noël, lembrando musicais antigos e atuais, como Hairspray, Mamma Mia e Le Soldat Rose. Nas vitrines de ambas as lojas, movimentos e luzes garantem um espetáculo ao qual vale a pena assistir — ao vivo ou em vídeo.


Vitrine de Natal da Printemps



Vitrine de Natal das Galeries Lafayette

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quinta-feira, novembro 11, 2010

Danuza Leão: "Dá para acreditar que nunca subi na torre?"

Nem sei quantas vezes fui a Paris; mais de 50, com certeza. Oitenta, talvez? Impossível saber. Teria a obrigação de conhecer a cidade pelo avesso, é claro, mas não.

Como tenho o hábito de voltar aos lugares que adoro, acabo ficando no mesmo hotel, andando a pé pelo mesmo bairro, indo a um já conhecido bistrô, comendo um prato que ficou na memória, e na hora de voltar me dou conta de tudo que deixei de fazer. Da próxima, vou levar uma lista e fazer tudo como se fosse a primeira vez, juro.

Dá para acreditar que nunca subi na Torre Eiffel? Sei direitinho o que devo fazer: reservar uma mesa no Jules Verne, perto da janela, e chegar antes de escurecer, para ver as luzes de Paris se acendendo, parece que não há nada mais lindo.

No Arco do Triunfo também nunca subi; lá de cima vê-se as 12 avenidas, como as pontas de uma estrela, talvez o traçado mais bonito de qualquer das cidades mais bonitas do mundo, ah, tenho que ir, tenho que ir.

Já vi o túmulo de Napoleão, nos Invalides, mais de uma vez, mas sempre quero ver de novo; na verdade, deveria ir a cada viagem, tal a impressão que me faz - adoro Napoleão.

E se não estiver muito frio, poderia perfeitamente ir andando até a praça da Concórdia e dar uma volta de roda-gigante, coisa que também nunca fiz, e lá de cima olhar os jardins das Tulherias, o Champs Elysées.

Dessa vez eu vou, palavra. E outra coisa que também nunca fiz, e que deveria ser a primeira, é tomar um ônibus desses abertos, e percorrer toda a cidade; é essa história de não querer fazer programa de turista que atrapalha a vida, e afinal o que eu sou, quando estou lá? Mais uma turista, como tantas.

De todos os ângulos

E o "bateau-mouche"? Em uma hora faço um passeio lindo e vejo a cidade de outro ângulo, olhando para os edifícios nos dois lados do Sena, e escolhendo o apartamento que quero para mim, adoro brincar disso.

Ah, e outra coisa fundamental: rever a Conciergerie, onde Maria Antonieta ficou presa. Não me esqueço dos bilhetes que ela escrevia para seu amado, o conde Fersen. Escrevia é modo de dizer: com um alfinete, ela fazia furinhos num papel, letra por letra, pode ser mais emocionante?

E Versailles? A cada viagem eu juro que vou, preciso voltar, mas não sei porque, não volto. Preguiça, e também porque é tão bom viajar sem ter que fazer nada, só ir vivendo, sem compromisso algum.

Da próxima, Versailles não me escapa, prometo, mas vou deixar Giverny, onde está o jardim de Monet, para a primavera - dá para acreditar que nunca fui lá? Tenho até vergonha de confessar.

Uma parisiense

Mas ainda falta tanta coisa: a maison Árabe, a Sainte Chapelle, e para me sentir uma verdadeira parisiense ainda tenho que pegar uma bicicleta e passear pela cidade, e nem que volte mais dez vezes vou dar conta de tudo.

E ainda tem as centenas de restaurantes que nunca vou conhecer, nem que viva mil anos. E o museu Rodin (www.musee-rodin.fr), onde eu tinha combinado comigo mesma de ir no último dia da última viagem?

Mas era junho, e estava uma tarde linda, e os cafés nas calçadas estavam cheios, e a cidade parecia uma festa, e eu pensei "vou ao Rodin ou sento numa terrasse, peço um Ricard e fico só olhando, até a hora de ir para o aeroporto?".

É claro que foi o que fiz, e esse tipo de coisa me acontece a cada viagem, porque acabo privilegiando mais os bons momentos que tenho comigo mesma do que vendo a mais fantástica obra de arte do mais remoto país.

Mas sabe o que é também? Não quero nem entrar na fila para entrar no Louvre, nem ver a Mona Lisa cercada por 300 pessoas, todas tentando fotografar o quadro com o celular.

Para ser sincera, não me arrependo dessas escolhas, teoricamente erradas, porque tive momentos de felicidade plena, total.

Mas da próxima vez vou embarcar numa bem de turista, e deixar só os últimos três dias para fazer o que quero e mais adoro, quando viajo, isto é: nada.

*

Texto de Danuza Leão publicado na edição de hoje do caderno Turismo da Folha de S.Paulo.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Poesia: Les Yeux d'Elsa, de Louis Aragon

Tes yeux sont si profonds qu'en me penchant pour boire
J'ai vu tous les soleils y venir se mirer
S'y jeter à mourir tous les désespérés
Tes yeux sont si profonds que j'y perds la mémoire

À l'ombre des oiseaux c'est l'océan troublé
Puis le beau temps soudain se lève et tes yeux changent
L'été taille la nue au tablier des anges
Le ciel n'est jamais bleu comme il l'est sur les blés

Les vents chassent en vain les chagrins de l'azur
Tes yeux plus clairs que lui lorsqu'une larme y luit
Tes yeux rendent jaloux le ciel d'après la pluie
Le verre n'est jamais si bleu qu'à sa brisure

Mère des Sept douleurs ô lumière mouillée
Sept glaives ont percé le prisme des couleurs
Le jour est plus poignant qui point entre les pleurs
L'iris troué de noir plus bleu d'être endeuillé

Tes yeux dans le malheur ouvrent la double brèche
Par où se reproduit le miracle des Rois
Lorsque le coeur battant ils virent tous les trois
Le manteau de Marie accroché dans la crèche

Une bouche suffit au mois de Mai des mots
Pour toutes les chansons et pour tous les hélas
Trop peu d'un firmament pour des millions d'astres
Il leur fallait tes yeux et leurs secrets gémeaux

L'enfant accaparé par les belles images
Écarquille les siens moins démesurément
Quand tu fais les grands yeux je ne sais si tu mens
On dirait que l'averse ouvre des fleurs sauvages

Cachent-ils des éclairs dans cette lavande où
Des insectes défont leurs amours violentes
Je suis pris au filet des étoiles filantes
Comme un marin qui meurt en mer en plein mois d'août

J'ai retiré ce radium de la pechblende
Et j'ai brûlé mes doigts à ce feu défendu
Ô paradis cent fois retrouvé reperdu
Tes yeux sont mon Pérou ma Golconde mes Indes

Il advint qu'un beau soir l'univers se brisa
Sur des récifs que les naufrageurs enflammèrent
Moi je voyais briller au-dessus de la mer
Les yeux d'Elsa les yeux d'Elsa les yeux d'Elsa

*

Um dos clássicos da poesia francesa, Les Yeux d’Elsa foi publicado em 1942. Louis Aragon dedicou o texto a Elsa Triolet, com quem viveu até a morte dela. Elsa ainda seria tema de Les yeux et la mémoire (1954), Le Roman inachevé (1956), Elsa (1959), Le Fou d'Elsa (1963) e Il ne m'est Paris que d'Elsa (1964).